Era uma vez uma história sem fim….

Ninguém sabia dizer onde ela começava e também não podiam afirmar quando ela acabaria.⠀
É assim a história da minha família, do meu sistema familiar.⠀
Antes eu achava que a minha história tinha nascido comigo, no exato momento em que saí da barriga de minha mãe.⠀
Mas desde muito pequenina, comecei a perceber que havia muitos traços em mim que me ligava a uma série de histórias e pessoas que vieram antes de eu nascer.⠀
“Ela é a cara do pai”⠀
“Essa orelha é da sua avó”⠀
“Geniosa como a mãe”⠀
Meu jeito e minha aparência estavam definidas!⠀
Com o tempo, percebi que, além de mim, muitas pessoas tinham seus destinos “sociais” traçados também por acontecimentos ou pessoas do passado.⠀
“O pai era bandido, você queria oquê?⠀
“A mãe dela também era mal falada”⠀
“Fará medicina, com certeza! Na família só têm médicos”.⠀
Com as constelações percebi que muito além de tudo isso, muitas histórias e pessoas do passado viveram, sofreram, sorriram, escolheram, movimentaram e disseram SIM A VIDA para que eu e todas as pessoas do mundo nascêssemos.⠀
Descobri que eu não era uma folha de papel em branco e que não poderia começar a escrever ali uma nova história.⠀
Vivenciei que da mesma forma que herdamos a genética ou bens materiais (ou dívidas) de nossos familiares, também herdamos uma “herança afetiva” que define o que sou e as minhas escolhas.⠀
Primeiro, fiquei triste, não entendia como isso poderia ser bom.⠀
Eu não conseguia perceber a riqueza que vinha de tantas histórias, a força que vinha de cada movimento, a escolha pela vida que todos eles fizeram, mesmo passando por momentos muito difíceis. O julgamento não me permitia.⠀
Mas com o tempo e abandonando esta postura de julgamento, eu consegui compreender que não estava a receber “um peso” mas que recebia verdadeiramente uma oportunidade.
 
A vida é a minha oportunidade.
Quando faço escolhas, consciente de tudo que veio antes de mim, eu realmente sou livre para fazê-las, eu não julgo e logo não repito.
 
Eu recebo não a tal folha de papel em branco mas um “chumaço” de papel escrito e lá no final a folha branca.
Terei eu a oportunidade de escrever apenas um novo capítulo. De evoluir a história, de escolher a leveza do meu caminhar dando um especial lugar no meu coração para quem trabalhou duro para que eu chegasse até ali.
 
Eu me orgulho de fazer parte de uma história sem fim e com honra e gratidão escreverei o meu capítulo da história e deixarei para o próximo a tal folha de papel em branco para que ele possa escrever a história dele.
Quando ele(a) escrever eu também estarei naquele capítulo, talvez na semelhança dos olhos, nas orelhas ou no gênio.
E assim serei eterna e eternizarei todos que vieram antes de mim, num ciclo infinito de amor, pertencimento, ordem e trocas! 
 
 
 

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